terça-feira, março 06, 2007

Quem não se sente, não é filho de boa gente! E eu gosto de me...sentar!:)


Mudam-se os tempos, mudam-se os ministros, mudam-se as vontades, todo o sistema é composto de mudança, tomando sempre novas “habilidades”! Muda-se o Ser e também a confiança!

Na verdade, como promover a confiança, se em cada promessa há uma vontade incumprida?

Como podem os professores confiar em quem lhes muda o destino, insuspeitadamente, de um momento para o outro? Mudam-lhes o passado, mudam-lhes o presente, mudam-lhes o futuro, com o qual nunca podem contar. Nada é uma certeza, o que hoje é afirmado, amanhã totalmente contrariado. E, sim, falamos de reforma, de aulas de subsituição, de escalões congelados, de congelamento da progressão na carreira, de, de, de...

Como podem os alunos confiar, se eles próprios deixam, a cada momento, de saber o que os espera? O que lhes dizer, se a massificação do ensino os obriga a gostos, interesses e tendências iguais para todos? Haverá alguma forma mais crassa de desigualdade do que promover algo perfeitamente igual para toda a gente? Ou será que não somos todos diferentes? Iguais em direitos e em deveres, concerteza! Mas, tão somente!

A consequência imediata e previsível é uma escola onde os alunos pululam, a maioria perfeitamente desinteressada das matérias curriculares que têm que estudar, analisar, memorizar... tão longe dos seus interesses e vivências como vai a distância da Terra à Lua.

E falam-se e discutem-se e criticam-se os baixos níveis de aprendizagem e de sucesso escolares!

Há entre o ensinar e o aprender uma razão dialéctica. Quem aprende a ensinar, ajuda a ensinar a aprender. Quem ensina a aprender, ajuda a aprender a ensinar. E para isto aconteça, é fundamental que se ame a “ensinagem”e a aprendizagem! E este “amor” advirá, certamente, se ambos tiverem, a vários níveis, condições mais promissoras.

Parece dado como certo que, para aprender, é necessário gostar do que se aprende, de se sentir que o que se aprende é útil. Parece dado como certo que é preciso aprender a aprender (aquilo que se chama de metacognição). Parece dado como certo, como um dia afirmou Goethe, que “em toda a parte só se aprende com quem se ama”. Parece dado como certo que é preciso aprender a ensinar! Parece dado como certo que é preciso ensinar a aprender! Parece dado como certo que professores e alunos têm, disto, inteira consciência.

Como explicar, então, os problemas acrescidos de aprendizagem e de “ensinagem”?

Será que os professores deixaram, de um dia para o outro, de saber ensinar? Será que os alunos deixaram, de um dia para o outro, de saber aprender? Seria estranho que assim fosse, que uma súbita inoperância colectiva tivesse vitimado todos os intervenientes do processo ensino-aprendizagem, como uma doença vírica que se tivesse propagado e atingido todos! Um mal raro: “SII” (Síndrome de Ineficácia Intelectual), eis a sigla!
Absolutamente contagiosa, potencialmente perigosa e sem vacina conhecida.
A ser assim, poderíamos, e com propriedade, falar de uma pandemia, com consequências desastrosas.

Talvez seja mais proveitoso procurarmos as causas na super-estrutura. Na tal que gosta de oferecer tantas mudanças...

E já agora, por que não mudar, oferecendo aos alunos um ensino diversificado, com saídas profissionais em conformidade? Por que não voltar às escolas comerciais e industriais em que os alunos se profissionalizavam e conseguiam realizar-se profissionalmente, com colocações no mercado de trabalho, em harmonia com os seus interesses? Não haveria, certamente, tantos alunos totalmente desmotivados!

E já agora, por que não mudar, oferecendo aos professores mais estabilidade, melhores condições de trabalho, colocações atempadas e o justo salário sem congelamentos impostos? Não haveria, certamente, tantos professores totalmente desmotivados!

E para que os professores possam ensinar necessitam de se sentir psicologicamente sãos, emocionalmente equilibrados, fisicamente em forma. Tarefa difícil para quem vê a linha do horizonte cada vez mais indefinida. E para que os alunos possam aprender necessitam de se sentir vivamente interessados pelas matérias, objectivamente empenhados em algo que sentem como útil, manifestamente felizes porque o futuro lhe será mais promissor. Tarefa difícil para quem vê a linha do horizonte cada vez mais indefinida.

Mudam-se os tempos, mudam-se os ministros, mudam-se as vontades, todo o sistema é composto de mudança, tomando sempre novas “habilidades”! É entendível!

Mas não mudem a confiança, para que professores e alunos possam continuar a SER!

quinta-feira, março 01, 2007

"Nós"...ou a vã glória de mandar!

Tenho andado arredada destas "lides blogais" pela simples razão de que me ausentei de casa. Eis-me de volta ao "lar doce lar" e pronta a recuperar a conversa !:)
Fala-se de tertúlias, fala-se de tempos do PREC, já longínquos na memória colectiva e ausentes nos actos da actualidade, fala-se da infância e da juventude... Perdeu-se muito da luta, do desafio, do contra-poder, das palavras murmuradas em surdina ou da vinda para a rua com bandeiras hasteadas, mais não fossem as da nossa convicção.
E receio termos regressado à ditadura, esta mais perigosa porque disfarçada com o nome de socialismo e democracia. Antes a luta nua e crua a esta "social-democracia-fascista", sem espinha nem osso (algo hibrído, pois) que nos vem convencendo há 30 anos de que o povo é quem mais ordena! Afinal é somente "quem mais ordenha", qual rebanho de carneiros que, sem ânimo e cansado de esperanças e promessas frustradas e incumpridas, se remete para o mutismo, para o ostracismo, para o amorfismo.

Não sei se se vive inocentemente feliz, se (in)conscientemente infeliz...sei, apenas, que as forças para lutar soçobraram perante gente com poder que "pretendeu ir lá para fora...cá dentro"!
Na verdade nunca se ausentaram, nem encetaram viagens rumo à Europa, à civilização.
E conseguiram que o "cá dentro" se transformasse no Portugalito que temos, sem remissão.
Se é verdade que se o analbafetismo baixou, também não me restam dúvidas de que a iliteracia subiu escabrosamente.
Isto é manifesto nas escolas. Em tempos, havia os bons alunos e os menos capazes. É algo a que não se pode fugir. O problema é que transformaram os bons em menos capazes e os menos capazes em incapazes. Donde resulta que a fasquia baixou retumbantemente e o nível diminuiu manifesta e constatadamente.
Mas, enfim, que dizer quando o sistema obriga pessoas que querem ser cabeleireiras ou trolhas ou carpinteiros, ou qualquer coisa congénere (com todo o incontornável respeito que estas pessoas, tanto como estas profissões, me merecem) a tirar um "curso superior" se o que elas pretendem é entrar o mais rapidamente possível no mercado de trabalho, ao invés de pulularem por escolas onde nada do que desejam lhes é ensinado?
Dantes o "Dr." era desejável. Agora é obrigatório! Seja para colocar rolos, secar o cabelo, partir pedra, coser solas ou serrar madeira! Já não temos Srs Antónios e Sras Cecílias...apenas Drs Antónios e Drªs Cecílias, sejam lentes de uma faculdade ou auxiliares de acção doméstica (de novo com todo o respeito, ainda que esta renovação da semântica seja significativamente ridícula, creio).
Donde se conclui que só mudam os nomes, a droga é a mesma.
Enfim, pertencemos gloriosamente a um país de doutores, sendo irrelevante se sabem , ou não, sequer falar ou escrever a língua materna. Ser doutor já não pertence ao domínio de certas habilitações académicas que levavam as pessoas a gastar 20 anos da sua vida em estudos consecutivos.
Ser doutor, hoje em dia, é sobretudo "um estado de alma"!:) Assim uma coisa tipo genética, com que se nasce. Só falta que na cédula de nascimento a conservadora civil (ainda se chama assim?!...ou será "auxiliar de acção civil e conservadora"?!!!Confesso que já não sei! Aliás, já nada sei! Admito que já nem F. Pessoa posso citar: "Merda, sou lúcida!" Não sou - ou não estou - de facto!:)) registe: no dia "tal", às "tantas horas", no lugar "tal", com "tal peso", nasceu o Sr. Dr. Rúben Joel!Não me admiraria, confesso.E depois, lá temos nós, o tempo todo, uma poluição sonoro-cultural de arrepiar os mais condescendentes: "eles" são os "houveram", os "quaisqueres", os "ouvistes" (na 2ª pessoa do singular, claro!), as pessoas que andam muito "imprimidas" porque não estão "afectivas" no trabalho ou têm alguém da famíla "toxico-independente", o pessoal a "controlar" as "retundas", as damas a vestiram "blusias" que "conduzem" muito bem com as saias e que não sendo de marca "imitem" na perfeição. E agradecem efusivamente: estou-lhe muito "grátis" e que o "Sinhor le deia boas continuações" (seja lá o que isto for) ...
Adiante, não vale a pena chover no molhado porque é uma boa forma de não secar!:).
Não se pode viver do passado. Mas que tenho saudades da velha casa cheia, das brincadeiras até hoje inacabadas na minha alma, de sentir por perto a voz e o colo dos pais, das velhas tertúlias, das conversas no café com o grupo de amigos (ainda havia tempo, espaço e disposição para isso), da luta convincente pelos ideiais de liberdade, do desafio dos segredos murmurados...lá isso, tenho! Até de ir para a Ribeira ler o Jornal de Letras, com uns óculos redondinhos de hastes finas!:)
Mas isso foi em tempos idos, do qual já nos despimos, ainda que tenham ficados indelevelmente colados à pele.
O melhor é untá-la diariamente com um bom creme...não vá "fugir-se-nos"aquilo que fez de nós o que somos!
Resta-me advertir-vos: TOMEM CUIDADO! Ou o pessoal se precavém, ou com semelhante invasão de chineses (creio que o nosso Portugalito já é uma sucursal da China!), ainda ficamos todos de olhos em bico e de pés em leque, a comer arroz com pauzinhos!

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Contos Contados

A Cidade Do Vento

O vento corria violento, acometido de fúria incontida . As águas do rio enchiam-se de vagas incontroladas, dando-lhe um aspecto irreal de mar comprimido por margens.
As árvores curvavam-se como se vida as tivesse derrubado com a força das amarguras, quais seres para quem a existência demorada requebrara os ossos, que o tempo descompadecido fragilizara.
Os vidros das janelas batiam como corações descompassados deixando que o vento perpassasse as suas frestas e penetrasse nas casas, alagando-as de um frio entranhado.
A atmosfera esvaziava-se de ar e enchia-se de vento, toda ela compacta como uma pepita maciça, de uma solidez consistente.
As pessoas avançavam ligeiras, empurradas pela manigância da ventania, vacilantes e levadiças como se asas repentinas as fizessem planar em voo livre.
E o vento continuava, desenfreado, em rodopios e viravoltas, num mirabolante espectáculo de trapezista destemido e experiente.
Rita estava sentada numa pedra redonda e luzidia, que elegia sempre que as suas fantasias de menina lhe invadiam a mente. Esquecida de si e de todos, enveredava por histórias fantásticas que a projectavam num mundo irreal e imaginário, onde o sonho tomava contornos de realidade desejada.
Dali, daquele lugar alto, qual acrópole, era dona do mundo que abarcava. Guardava-o, todo inteiro, dentro de si, como uma pedra preciosa numa caixinha de jóias. Transformava-o à sua medida, dando-lhe contornos mais límpidos, varrendo do seu interior as cores escuras, até ele ficar pleno de vida como um carrilhão, cujos sinos afinados toam a sua música
E a menina escrevia no seu coração, com letras de plenitude, o alfarrábio do mundo, que o sonho não conhece limites e se supera a si próprio quando é abarcado pelo querer.
Sentia o vento forte, imperioso, que a perpassava, e tomava-lhe o gosto, o paladar de flores e de céu que trazia consigo. Gostava do vento, percebia-lhe as intenções, entregava-se a ele.
Os seus cabelos dançavam e batiam-lhe nos olhos, que cobriam como uma cortina de cassa, vislumbrando apenas tirinhas de mundo, como um puzzle que gostava de refazer.
Estendeu os braços, abriu os dedos das suas mãos pequenas e o vento entrou neles, e fez casa no seu peito, ali aninhado como um filho no útero materno.
Rita ria e rodopiava, companheira da dança do vento, livre e feliz, com inefável prazer. E entabulava conversas com ele que lhe contava as histórias trazidas de longe, de países estranhos e mágicos, de gente de todas as raças, de povos diferentes...
Então, Rita encheu o regaço de histórias, entrançou-as umas nas outras para que não se escapulissem e construiu com elas uma estátua.
Chamou-lhe a estátua encantada.
Apertou-a cuidadosamente no seu colo de criança e desceu a encosta, com passos leves de algodão macio.
Foi colocá-la mesmo no centro da cidade para que todos a pudessem ver, tocar-lhe e arrancar-lhe um pedaço de magia que enchesse as suas existências.
Agora, quando o vento chega àquela cidade, já ninguém fecha as janelas e deixa-o entrar, para que as casas fiquem também repletas dos mundos mágicos que ele traz consigo.
E as pessoas vêm para a rua e dançam também a dança do vento, em roda larga, defronte da estátua encantada.
A vida, essa, continua no seu intemporal e constante fluir.
A cidade do vento, plena de existência, estende os seus ramos largos e abraça o mundo num enlace estreito
Bem no centro, como um mito antigo, a estátua encantada pousa o olhar em redor e docemente sorri, deixando-se enlaçar, enamorada do vento que passa e a envolve.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

O tempora! O mores!

Acabadíssima de chegar à vestusta e mui ilustre invicta cumpri o ritual nortenho do quente e fumegante cimbalino (nada dessa purga de "delta", que pulula pela "mouraria", que mais parece uma chávena de óleo de fígado de bacalhau!GRRRRR).
Eis-me, pois, a saborear as delícias de um bom buondi, quando me surge uma amiga de longa data, professora do ensino primário.Sim, porque primário é mesmo só o ensino, ela de primária nada tem. Fina, a cachopa!
Vinha com um ar de quem não conseguia manter o riso e, imediatamente, após ter-se sentado na minha mesa, começou a contar que vinha da escola e tinha pedido às crianças que lhe descrevessem um passeio que tinham feito a Lisboa. E apresenta-me este texto escrito por um aluno da 4ª classe:
Título
Paseio a Lisvoa
Nós saimos de manha bem sedo e andemos, andemos andemos, andemos. Depois paremos para fazer xixi e continuemos na carreira. Mais adiante a gente paremos para a gente comermos e depois continuemos. E andemos, andemos, andemos outra vez e paremos em lisvoa e a gente vemos uma coiza muito bunita que era duns reis e se xama gerónimos. Então voltemos e andemos, andemos, andemos e paremos para fazer xixi e quando já tinha pasado muito tempo a gente paremos outra vez e a gente comemos. Depois andemos, andemos, andemos e só paremos no Porto outra vez.Gustei muito só axei que andemos demais.
Bem, NÓS (e aqui este "NÓS" sou mesmo eu! Perdoai o plural majestático, mas, credo... a gente - EU - não aguentemos!!!) fiquemos de boca aberta, paremos de respirar e exclamemos:
-Apre, se continuemos assim, cheguemos a 1º ministro!
A minha amiga ria-se a bandeiras despregadas e afirmou não saber mais o que fazer com semelhante aluno.
Se alguém sabe, que o diga, por favor!
É que a gente assim não aguentemos, bolas!
Li de Queiroz

Porque hoje é...Sábado!

Esta é uma história verídica, ainda que seja difícil de acreditar.
Resolvi "vertê-la" para o papel e deixar escorregar a pena...que é como quem diz, deixar escorregar a tecla, e fazê-la surgir no monitor. Ai vai:
O café "in" da velha vila frequentado pela society estava pejado da dita!Havia as Senhoras Donas, as Donas e as senhoras, simplesmente. As primeiras, de sóbrio fato de corte irrepreensível e colar de pérolas no colo marmóreo; as segundas, num arremedo de auto-valorização social e económico, ostensivamente carregadas de ouro e roupas coloridas; as últimas, alheias aos caprichos mundanos, com um confortável chinelo de onde irrompia, inelutável, uma meia de felpo.As Senhoras Donas Marias de Albuquerque e Menezes, as Donas Carlas Marlenes Lopes Pires, as senhoras Lucindas da Silva deste pequeno rectângulo à beira-mar plantado...Eis-las, pois!E porque era sábado enchiam aquele espaço e, em grupos, meticulosamente seleccionados, de acordo com o titulo honorífico, iam conversando e tornando o ar espesso de ruídos. Do Soares a qualquer outro Mário menos afamado, da inflação em geral ao preço das alfaces em particular, a conversa evoluía.O Senhor Professor Noronha, bem conhecido por aquelas bandas, sentou-se numa mesa do canto, a ler o jornal. Porque era sábado e o hábito tinha ganhado raízes!De quando em vez, deitava um olhar oblíquo, algo divertido, algo enfadado para a clientela que o circundava.E eis que surge, como em todos os sábados, o senhor Aurélio. Não havia pessoa da terra que não conhecesse o senhor Aurélio e as suas tiradas, verdadeiras pérolas da nossa literatura.E porque era sábado, sentou-se na mesa do senhor professor Noronha, o único dia da semana em que lhe era permitido tal devaneio.Ansioso por mostrar a sua cultura mais uma vez, desejoso de fazer uma figura digna, pressuroso em mostrar que havia estudado bem o dicionário de A a Z, exclama de braço em riste:
- O senhor Professor sabe como é, temos que nos cultivar! Olhe, ando a ler um livro de que certamente já ouviu falar, do António Só! Conhece o António Só, senhor Professor?
- Concerteza, senhor Aurélio, é o tal escritor português que escreveu o..."Nobre"!!!- respondeu o senhor Professor, impávido e sereno, sem qualquer contractura facial, nem que para um sorriso complacente.
Triunfante, o Senhor Aurélio, continua:
-Sabe, senhor Professor, estou em crer que se concretizará uma coligação política entre o PP e o PSD. Enfim, não tenho a certeza de que ela aconteça, isto é apenas um bouquet ideológico que eu idealizo no espaço abstracto que me rodeia, porque eu em matéria de política sou uma reserva nacional.
- Concerteza, Senhor Aurélio, quem o duvida? Aliás, o senhor e o champanhe!Sempre o afirmei!O senhor Aurélio inchava de contentamento, impante de orgulho. Não quis ficar por aqui e disse:
_ Olhe, senhor professor, é o que eu lhe digo, isto do progresso é como tudo, tem vantagens e inconvenientes! Ora pense comigo, senhor professor! Antigamente, fazia-se uma distância de 20 kms numa hora. Agora, os meios de transporte são muito mais rápidos, mas há tantos inconvenientes semafóricos, que se demora o mesmo tempo. Bolas para o progresso!
A esta, o senhor professor já nem se dignou responder, alheio que estava a comentar para os seus botões:
- Apre, devia haver uma alínea na constituição que proibisse ser-se assim burro!
E porque era sábado e, lá em casa, se almoçava mais cedo, levantou-se, despediu-se numa inclinação austera de cabeça e saiu para o ar puro.O problema mesmo é que cada vez há mais...sábados!...
Pelo menos, a avaliar pela jumentice intelectual que por aí abunda! Mas como afirmava, sapientemente, o senhor Aurélio, tudo tem a face e o seu reverso!
Se por um lado nos constrange, é indubitável que nos diverte!
E por aqui me fico, com esta história verídica!Estou de partida para uma viagem de pequena monta, tenho que me despachar. Não vá eu encontrar muitos inconvenientes semafóricos e chegar atrasada à sessão de poesia do António Só!!!
Porque hoje...é sábado!

Li de Queiroz

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Aos poucos vai...



Agueda - Rua Luís de Camões
É como tudo. Devagar, devagarzinho vou ficando mais expedita. Estou aqui estou a escrever e a lincar como os bloggers crescidos!

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Lindo!






O título que dei a esta foto, deve-se, particularmente, ao facto de os protagonistas serem a minha filha e o filho da minha melhor amiga, quase co-irmã, respectivamente, na altura, com três e cinco anos.

Sem que nada o fizesse supor, o menino Francisco "pespega" este terno e apaixonado beijinho na Inês que, sem mais peias, o aceita e o devolve!:)

Não me contive...e tirei-lhes a foto!

Ei-la, pois!:)

quinta-feira, janeiro 04, 2007

O insustentável peso do disparate!:)

Olá,venerável amigo:
Bem, "trocar o genuíno disparate" com quem o entende e lhe dá condiga resposta faz com que o meu ego se eleve, não direi até à sinistra da educação "mailas" suas excrecências lipidinosas (creio que adoraria que fossem libidinosas mas, com um raio, com aquela tromba, nao há líbido que resista. Assim, sem líbido e portadora de semelhante trombil, resta-lhe apenas o lípido. Grande problema este, na justa medida em que esta gordurice - tipo torresmo de suíno, no seu melhor, dado que já cristalizou - enceta uma viagem que se inicia na sua real pata e vai terminar em algo parecido com crânio que lhe encima as omoplatas. É neste momento crucial em que o único neurónio, já esgotado de congeminar tanta imbecilidade, se afoga, sufocado no supracitado lípido. Donde resulta um ser estranho, sem espinha nem osso, cujo género ou espécie desconheço e desejo em vias de extinção. E pergunto-me: será galinha, será gente? E eis que o insight me surge: galinha é certamente, porque a gente não "bate" assim! Fiat Lux! Et lux facta est!), mas - e refiro-me ao meu excelso ego, claro - levante voo, rente às nuvens, rumo ao céu de Cascais.
Pois é, rico, lamento profundamente o meu fado, mas estou na província. Eis por que os meus horizontes visuais se confinam a outros seres, não menos absurdos que a sinistra, algo parecido com ovnis (pelo menos ainda não os consegui identificar) que usam "tatuages" na obscena musculatura que lhes cobre triunfalmente o amado úmero, onde se lê "Angola 73", ou "Amor de mãe", ou " Vanessa Andreia" (sendo que Priscila Marlene também serve perfeita e convenientemente) ou ainda (BALHAMEDEUS!) a singela palavra EdÉn (e NUNCA Éden, porque EdÉn tem muito mais categoria. Deve ser isto que eles "éden" de pensar!). Têm sempre a unha do dedo mindinho, da delicada manápula, em crescimento contínuo, que lhes serve na perfeição para proceder à limpeza conveniente e pública da cera do ouvido. Do pescoço taurino escorrega-lhes uma corrente potente de oiro maciço, de onde pende a placa, não menos maciça, com a indicação do seu grupo sanguíneo. O avantajado pulso é adornado por uma pulseira do mesmo precioso metal, com a inscrição do seu nome de baptismo. Nos delicados pés, a bela bota texana, aí número 48, com biqueira que aponta filosoficamente para o infinito. E por fim (ufa, estes seres têm fim?!!!!) envergam sempre ( mas SEMPRE mesmo!) a eterna Tshirt, de decote em bico ( ou em "vico", como lhes apraz dizer), de manga convenientemente caveada, não vá escafeder o EdÉn ou ocultar-se o orgulhoso músculo.
Eis este o Inverno do meu descontentamento (aliás, Steinbeck dedicou-me, expressamente, este livro) e resta-me aguardar, em frémitos, a Primavera da minha alegria.
Tenho ainda, para agravar o meu triste fado, as "vizinhas da ira" (este já não me foi dedicado pelo supracitado autor). Isto a avaliar pelos guinchos, próximos do verdadeiro urro de guerra, que ouço no andar de cima.
O que me valeu foi o facto do Hemingway ter aparecido cá em casa para ver, como de costume, a telenovela, acompanhando-a de um copo de tinto e da bela patanisca de bacalhau. Irritado com semelhante escarcéu, foi à janela, botou o trombil de fora e gritou às vizinhas da ira:
- Digam adeus às armas e calem-se, porra!
Deu resultado: CALARAM-SE! Hemingway é grande, graças a Deus!
Este tal Hemingway é um velho amigo, bom moçoilo, com o corpo cheio de próstatas e algum défice cognitivo (ligeiro, ligeiro...o défice, claro!). Mas dá-me um enorme jeitaço porque tem umas mãozinhas de oiro e não há persiana emperrada, torneira que verta ou azulejo que escache, que o hominho não saiba pôr em ordem. Na verdade, na sua cédula consta, como nome de baptismo, Mingualdo Joel. Com a sedimentação da nossa amizade, comecei a apelidá-lo, fraternal e carinhosamente de "Ming". Nome pequeno, assim tipo "simplesmente Maria"! Mas, como é surdo que nem um penedo e pitosga como um repolho, lá tenho eu que o chamar aos berros ( quiçá, urros!) quando o vejo do outro lado da rua:
- Eh. Ming, uuueeeeeiiiiiiii!
Olha, gostou! Mudou o nome e adora que lhe chamem Hemingway. Como esteve emigrado nas Américas e por lá ganhou a vida a fazer as curvas das bananas, deve ter entendido que era um nome digno dos "states" e que lhe dava "status"(seja lá o que isso for!).
Vou num instantinho intervalar estas palavrinhas que te deixo. É que "ela" cai como o caraças e tenho que ir apanhar os trapinhos estendidos no estendal. Bem...e, agora, morre de inveja! Tenho um estendal totalmente vanguardista, todo ele vermelho e negro, que o Ming me trouxe de presente dos states porque ele sabe que eu sou uma moçoila muito limpinha e que trato muito bem os trapos (aliás, a superlativa alegria da minha vida!Não passo sem eles!). Por influências do Ming, passei a chamar-lhe sthendal. Ora diz lá que não é finérrimo exclamar em alto clamor:
- ó, mor, espera um pouco que vou pendurar os trapos encharcados no sthendal. Óspois, podemos ir ambos os dois juntos de trol ao shop. O Ming inté vem com nós!
Menino, estou lacrimejante, dilacerada, desalmada...o meu sthendal vermelho e negro partiu-se todo com o vendaval e ficou sem conserto. Ora porra!E acredita, foi o meu sthendal e eu. Também fiquei sem conserto quando me lembrei, hoje, que tinha esquecido de ir ao concerto da Floribela, para o qual comprei bilhete há seis meses, não fosse perder tão cultural evento (ou será invento???!!!Desculpa, fiquei atordoadinha de todo...tudo por causa do meu sthendal!)
Enfim, sem concerto e sem conserto, resta-me a novela, o Ming, o copo de tinto e as pataniscas. Haja saúdinha! Sempre fui de opinião que mais vale rica e com saúde do que pobre e doentinha!
"Portantos", para terminar, preciso da finesse, admito! É a única forma que tenho de me tornar a genuína Tia. De não ser somente Li, mas Xanocas, Tecas, Pituxa, Licas, Bebecas ou o raio que me parta...condição "sine qua non" para ser a verdadeira Tia!
E "prontos", resta-me despedir-me. Com veijos velos e vrilhantes, claro está, que eu sou uma moçoila provinciana mas de boas maneiras.